A ferida

A causa foi a traseira esquerda cuja manga de eixo cedeu aos esforços. Ao abaixar e convergir a roda fiquei sem pressão na extremidade oposta para virar à esquerda.

Desculpas aos leitores por ter esquecido de ligar a GoPro.

Chacoalhei até quebrar e bater!

Logo na terceira volta, ao frear no final da retinha de chegada o carro balançou e me deu um susto. Parei, mas infelizmente, decidi voltar lentamente. Decisão que me comprometeu um pneu .  Mas só mesmo em um local acolhedor como Piracicaba poderia ressoldar minhas mal-soldadas mangas de eixo traseiras. E num competente construtor de carros que parou o que fazia na oficina, lotada de aficionados, para ressoldar a manga. Sugeriu que levasse a outra. Não é que as soldas rasas já estavam trincadas.

Foi um dia de mangas arregaçadas              ;-)

Fui então para uma nova sessão. O carro promete. Está respondendo bem e a tendência a sair de traseira na fase final de re-aceleração não assusta e é controlável. Com mais motor pode ficar delicado. E a frente está respondendo bem mas é necessário um volante mais rápido. Farei novos bracinhos de direção.

Mas ainda assim algo aconteceu na suspensão traseira que me jogou descontrolado num barranco. Na próxima semana conto os detalhes e os custos (trabalhos, trabalhos)

Todos que conheci neste sábado foram muito gentis. Inclusive meu recém conhecido escudeiro Élder que além de prestativo se mostrou um excelente mecânico. Aproveito e agradeço aos empréstimos da TJ Competições e aos esforços e disposição dos socorristas e para-médicos.

Pra mim um sábado destes é como ir pescar prum pescador. Renova a alma. 

Guenta coração

No clima interioano de Piracicaba, como convém a mecânica caseira do Musa, vou promover a chacoalhada inicial neste sábado no ECPA.

Confesso que adoro este automobilismo amador como o que surgiu em Piracicaba. na raça e amor.

Lamentável foi não ter podido experimentar o carro antes. Corro o risco de um fiasco pois o Musa só correu no rolo do dinamômetro onde ficou claro que o motor é fraquinho (115 HP). Pelo menos o sistema de refrigeração suportou bem.

Por isso não é a estréia e não convido oficialmente os leitores, que ainda assim serão bem recebidos (assim como suas críticas construtivas).

Emoções e adrenalina à vista.

Um grande passo

Finalmente pronto para o primeiro alinhamento. Os resultados foram bastante bons em termos do que chama-se ângulo de impulso - apenas 0,01º. Esse tal ângulo reflete em linhas gerais a qualidade dimensional do chassi que construí. 

 O serviço foi feito no Quadrelli onde são comuns Ferraris, Lamboghinis e outros supercarros. O equipamento é de primeira linha.

Naturalmente os números são iniciais e só os testes na pista mostrarão sua adequação.

Preciso de um grafiteiro

O carro ficou bastante grosseiro em seus detalhes então, não adianta tentar lhe dar um acabamento tradicional. 

Inspirado pela experiência do BMW Art Cars em que até Andy Warhol, em 79, usou uma M1 como tela estou atrás de um grafiteiro (ou um grupo deles) para usar o Musa como uma tela.

Caso não consiga interessar ninguém vou fazer um patch-work de Contacts coloridos na diagonal. Desenho e mando envelopar onde tenham experiência. É pra disfarçar as muitas imperfeições da construção amadora.

Tomando forma

Ajustadas as cargas de molas para  nivelar o Musa não resisti e equilibrei o paralama traseiro para ver pela primeira vez o carro com todos os volumes no lugar. Eis como está:

Vamos ver se o ar se sente confortável ao contorná-lo, porque com a potência do motor vai se esforçar para atingir 200 km/h.

Solução incômoda

Como imaginei ao longo do projeto o ponto fraco era o suporte superior da suspensão traseira, nas fotos, ainda não fixado.

Sob os esforços das freadas as orelhas fletiam excessivamente e em sentidos opostos permitido o movimento do pivô superior. 

O desequilíbrio nas freadas fortes por conta da divergência das rodas traseiras seria inevitável. 

Depois de estudar e ensaiar bastante desenvolvi e instalei um sistema de barras de reação com terminais rotulares inversos de forma a permitir regulagem. A sofisticação do sistema, bastante trabalhoso para construir, se deveu ao fato de que os suporte das orelhas são móveis para permitir a regulagem da cambagem. 

Agora está firme, testado e deve oferecer uma bom comportamento dinâmico nas acelerações e freagens. Porém bastante incômodo na regulagem inicial de cambagem que farei assim que regular a altura do carro nas molas.

Demoro mais um pouco até chegar na pista.

Otimismo excessivo

Em fevereiro de 2011 estimei estar pronto para o shake-down na pista até meados de Abril de 2011.

Espero ter acertado o mês porque o ano já foi.

Respostas

Seguem respostas às perguntas feitas nos últimos comentários:

Fábio Vicente
No momento estou implementando a solução para o excesso de flexão do suportes dos braços da suspensão traseira. Sua correção é fundamental para que as rodas não divirjam nas freadas e desequilibrem a traseira.
Quanto a direção estou usando uma caixa de Corsa com uma relação de 29mm por volta. Mas isso deve ser reanalisado porque o carro ainda não foi alinhado e as impressões obtidas em muito pouco rodar, talvez uns 300 m.

Lawrence Jorge
Ainda não decidi sobre a pintura. Posso polir algumas partes do alumínio até o ponto de espelho e quero ver se combino com as partes em que pintarei ou enveloparei. Já me propuseram até que representasse a família com os filhos, as noras e os netos e netas :-)
Vou pedir a Tati, minha nora e autora de um comentário que  proponha uma decoração.

Tati, minha nora
Veja o que arrumei pra você. Leia acima. Obrigado.

Acabamentos em fibra de vidro

Shakedown

...MEU

Poucas vezes havia pilotado um carro de 200 HP por tonelada (5 kg/HP) em um  autódromo. Receoso de não estar habilitado para testar o Musa fui me testar antes.

Fui participar de um Lancer Experience e principalmente conhecer o autódromo Velo Cittá, de proprietários ligados à Mitsubishi. Anseio pela conclusão dos investimentos nas obras de infraestrutura e sua abertura ao automobilismo.

A experiência foi muito instrutiva e gratificante. Impressionou-me muito a gestão eletrônica do Evolution X. Com o câmbio no modo S-Sport os tempos de mudança proporcionados pela dupla embreagem e a inteligência do dos E??s são impecáveis. A sensação de segurança é imediata. Muito boas as orientações do G. Spinelli.

O lado negativo é que estabeleci um referencial altíssimo para o Musa. De fato inatingível.

O autódromo, que experimentamos na íntegra apenas como motoristas atrevidos tentando manter a distância e como acompanhantes do Guiga Spinelli, tem boa variedade de curvas e sequências em subida e em descida. Espero vê-lo aberto a eventos públicos logo.

Finalmente descobri que meu AVC de 2010 não tirou minha capacidade de pilotar. Apesar de ter sido o campeão no abate de cones no slalon consegui os melhores tempos nas provas que envolviam sequências de curvas e circuito. Isso descontando mais um conezinho que saiu levemente escoriado. Tive até direito a uma medalhinha : uma bela miniatura do Lancer Dakar do Guiga. Parabéns a toda equipe de organização do evento.

E pra dar um gostinho:

Enquanto isso o Musa na oficina das peças de fibra de vidro. Logo volto a minha realidade: nada de eletrônica desembreando, mudando de marchas, reduzindo com " punta-tacco". controlando o deslizamento dos diferenciais e freando de forma a me manter no curso. Só tecnologia "clássica" .

Chacoalhou

E mostrou pontos a corrigir.
A direção me pareceu um pouco desmultiplicada em excesso.
Pior que isso é o suporte superior da suspensão traseira, responsável pela manutenção das rodas traseiras alinhadas que parece estar fletindo. Sério.

Sinto pela baixa resolução abaixo. Ao invés de usar o celular pra gravar em HD usei uma câmara Sonyzinha.

E estrei a caravana

Andou

Nesta quarta feira minha Musa desafiou as autoridades de trânsito e as mal asfaltadas ruas de Sampa e deu uma voltinha no quarteirão para rearranjarmos os carros na EBTech. Tudo funcionou. O problema maior foi a filmadora sem bateria. :-)

Os próximos movimentos serão aí. No que espero se torne meu quintal: Autódromo ECPA - Piracicaba.

Modelagem de paralamas

Está tomando cara.

Finalmente automóvel

949 dias após a primeira publicação deste blog posso dizer que o Musa é um automóvel. Andou e freou por conta própria 500 mm para trás e 500 mm para frente. E pude dirigi-lo através do volante. 

Novos trabalhos

Uma pausa para iniciar a modelagem dos apêndices aerodinâmicos. Sim, para-lamas existem no Musa com a finalidade exclusiva de reduzir arrasto a e criar "downforce". E são, portanto, apêndices aerodinâmicos e não apêndices estéticos.

Mais retrabalhos

Foi mais um mês de retrabalhos e algum progresso.

Como a embreagem parecia estar muito pesada, decidi substituir o cilindro mestre de embreagem por um menor e aumentar a razão de alavancagem hidráulica. Num espaço muito apertado com várias interferências fiz a substituição. Calculo o atraso em no mínimo uma semana de trabalho duro.

Consegui ligar o motor, depois de substituir bicos injetores entupidos e da troca da ignição HIS.

Ótimo, posso testar o resultado da embreagem. Tinha quebrado. Toca a desligar sistemas de arrefecimento, elétrico, descarga,  hidráulico e o trambulador. Claro que isso exige  retirar o tanque para acessar a tampa objeto de Retrabahos.  Retiramos o motor de um espaço muito justo. Substitui rolamento que havia quebrado e o garfo de acionamento. Agora estou ajustando a alavanca mecânica da embreagem com o motor e câmbio fora  do carro, ligados ao pedal da embreagem à distância.

Essa reta final está muito longa. O forte do Musa não é em reta longa mas em trechos sinuosos.

Espero em breve noticiar o shakedown.